Em termos de alimentação e exercício físico, posso dizer que tive
uma vida de extremos, e hoje busco atingir o equilíbrio, dentro de uma
abordagem de redução dos carboidratos, consumo de alimentos naturais e, no que
se refere à atividade física, prevenção contra excessos que possam causar
lesões.
Na adolescência, era uma menina magra, pesava 58 kg, para uma
altura de 1,75 m. Nessa época, cheguei a ser diagnosticada por um médico como
tendo tendência à anorexia. Ficava muitas horas sem comer, e as refeições que
fazia eram sempre coisas pouco saudáveis, como arroz puro, batata frita, às
vezes um "xis" na escola, pão puro, coisas de adolescente que não
quer engordar e acaba desenvolvendo problemas alimentares e de saúde. Tive um
problema sério de gastrite e úlcera por não comer durante longos períodos.
Já na fase adulta, perto dos 30 anos, cheguei ao outro extremo,
com quase 90 kg de peso corporal e deprimida, não conseguia ver em mim "o
monstro que me dominou". Meus parentes diziam que estava muito gorda e
feia, minha mãe lamentava diariamente, dizendo que eu era uma mulher bonita,
que não estava cuidando do corpo como deveria e que isso a entristecia. Nessa
época, eu estava fazendo tratamento para depressão, e muitos remédios, além de
engordar, podem fazer com que a pessoa fique "cega" para os
problemas. Esse possivelmente foi o meu caso.
Aos 32 anos, consegui "despertar" e perceber que
realmente minha família tinha razão; tanto sobrepeso prejudicava minha
aparência e minha saúde! Precisava fazer algo para mudar!
Passei a ter vergonha do meu corpo, e principalmente de usar
alguns tipos de roupas, e isso, até certo ponto, foi um estímulo para que eu
tomasse alguma providência rapidamente. Procurei auxílio profissional. Fui a 3
endocrinologistas diferentes. No início, os 3 me receitaram o mesmo tratamento,
uma dieta com 6 refeições por dia e com contagem de calorias consumidas e,
principalmente, baixa ingestão de gorduras. O que ganhei com isso? Passava o
dia com fome e tinha umas crises de "tremedeira" que me faziam entrar
em desespero, me deixavam irritada e às vezes até com ânsia de vômito. Que
maravilha! Mas se isso não bastasse, eu estava ficando cada vez mais gorda! Mas
como? Estava fazendo acompanhamento com médico endocrinologista, estava fazendo
dieta e estava engordando? O último endocrinologista que consultei chegou a me
receitar "Sibutramina" e "Xenical", dizendo que isso iria
me ajudar a perder peso mais rápido... Me diga como uma pessoa que tomava
antidepressivos poderia tomar concomitantemente Sibutramina? E isso, inclusive,
cheguei a discutir com o médico (eu, que não sou médica, sabia que não é
possível fazer esse tipo de combinação!). Nem preciso dizer como saí daquele
consultório... #$*@!!!
Em função do fracasso das dietas e dos tratamentos feitos, decidi
tentar eu mesma mudar minha alimentação. O primeiro passo foi cortar alguns
alimentos das minhas refeições, tipo pães, batata, arroz, frituras, doces...
mas tudo sem acompanhamento profissional, "por minha conta e risco"!
Minhas refeições passaram a ser basicamente frutas, carnes, saladas e cereais
integrais.
Juntamente com essa mudança na dieta, passei a fazer caminhadas 3
vezes por semana. No primeiro dia, não consegui caminhar por 5 minutos sem
ficar extremamente cansada... Mesmo assim, insisti no exercício e logo meu desempenho
melhorou.
Em pouco tempo, as mudanças começaram a aparecer. Conseguia
caminhar por mais tempo, comecei a perder peso e a aumentar minha autoestima.
Depois de 3 meses de caminhadas, comprei um tênis melhorzinho e dei minhas
primeiras passadas de corrida. A corrida foi impressionante para a perda de
peso, rapidamente vi meu corpo mudar.
O passo seguinte, para dar continuidade a essa transformação, foi
me matricular em uma academia. Todo mundo que perde muito peso precisa fazer
algum exercício para acelerar a recuperação do corpo, afinal o emagrecimento
faz a pessoa "murchar", e então precisamos dar um jeito de
"ajustar" as coisas que ficaram "sobrando". Em pouco mais
de 6 meses, eu era outra pessoa, havia perdido 15 kg e me sentia muito bem. No
entanto, a prática da corrida se tornou puxada, a vontade de correr cada vez
maiores distâncias foi sendo conquistada com treinos longos e quase que
diários, que culminaram com uma lesão no quadril, uma bursite... Infelizmente,
isso me tirou da corrida e da academia por mais de 1 ano. Logo no início de meu
afastamento das atividades físicas, tive receio de recuperar os quilinhos que
havia perdido com muito sacrifício... todos que perdem peso sentem esse “medo”.
Foi nessa fase de recuperação e tratamento do problema de quadril
que resolvi procurar uma dieta que ajudasse a pelo menos manter o meu peso e um
pouco da musculatura. Meu esposo, quando soube de meu interesse em cuidar da
alimentação, também se mostrou interessado em perder uns quilinhos, pois percebeu
que, mesmo com os “acidentes de percurso”, essa minha mudança havia sido
positiva para mim e minha vida e ele também queria mudar. Ele, ao contrário de
mim, tinha um passado um pouco mais longo de sobrepeso (com 1,79 m de altura,
chegou a pesar 96 kg) e por diversas vezes havia tentado excluir da dieta
alguns alimentos "engordantes", mas nunca conseguiu perseverar nas
alterações. Ele era muito mais "viciado" do que eu em alguns
alimentos, como pães e doces e arroz, que adorava.
Para ajudá-lo a conseguir perder peso sem desanimar e sem ter
recaídas perigosas, precisei estudar um pouco sobre dietas. Nada que uma
pesquisa na internet não resolvesse... Pipoquei eu muitos blogs, li muitos
depoimentos de pessoas que haviam passado pelo mesmo problema: tentavam e não
resistiam às tentações dos doces... Pessoas que contavam conseguir se controlar
por 1 ou 2 dias e depois ser traídas pela própria vontade; que, em um único
ataque à geladeira, comiam tudo que vissem pela frente, o que fazia cada vez
aumentar o problema: o ganho de peso e a
tristeza de não conseguir controlar a vontade de comer...
Dentre tantas opções de dietas, decidi que, no caso de minha
família, uma dieta metabólica seria a forma mais eficiente de manter os
resultados que eu havia obtido com a corrida e de ajudar meu marido a
conquistar resultados semelhantes rapidamente. Achei que, tendo resultados
rápidos, meu marido teria mais incentivo para continuar. A dieta que escolhemos
preconizava um corte radical no consumo de carboidratos, o que causaria uma
série de alterações metabólicas, sendo a principal delas a redução da
quantidade de insulina no sangue.
A insulina é um dos hormônios que regula o armazenamento e a
queima de gordura corporal. Quando este hormônio está presente em doses
elevadas no sangue, ele faz com que o açúcar excedente na dieta seja
transformado em gordura e armazenado pelas células. Quando a insulina está
presente em baixas concentrações, a gordura armazenada passa a ser
disponibilizada para produzir energia, ou seja, a pessoa queima gordura
corporal.
Mas como se faz para reduzir a quantidade de insulina? É simples,
mas, para quem está começando, não é nada fácil... A pessoa necessita
simplesmente parar de comer qualquer coisa que se transforme em açúcar! (Mais
além postarei uma lista de alimentos que possuem pouquíssimo ou nenhum açúcar.)
No início, tudo foi difícil, principalmente nas duas primeiras
semanas. Preocupava-nos o fato de nosso novo estilo de alimentação estar fora
dos parâmetros das dietas tradicionalmente recomendadas pela maioria dos
médicos e nutricionistas e nos perguntávamos se não acabaríamos prejudicando
nossa saúde. Sem falar nos desconfortos iniciais provocados pelas mudanças de
hábito, entre os quais náuseas, dores de cabeça, irritação e diarreia. “Que delícia!”
Mas tivemos paciência e continuamos insistindo.
Passado o primeiro mês
de “sofrimento”, e também por ter perdido 6 kg e por ter se convencido dos
benefícios, após ler mais a respeito, meu marido decidiu que continuaria com a
dieta.
E continuou. Estava para
chegar um período de grande teste em nossas novas resoluções: as festas de
final de ano e as férias, mas nós dois nos mantivemos firmes na dieta. O
primeiro mês deixou meu marido sentindo-se tão bem que, mesmo com todas as
tentações gastronômicas do Natal e do Ano Novo, ele conseguiu manter o foco,
pois restringiu os doces e amidos apenas às noites festivas com a família. No
período de férias, que passamos com familiares no litoral, também resistimos
aos excessos. Desde então, diferentemente do enfoque usual, que identifica
dieta com sofrimento e privação, manter a alimentação dentro dos padrões que
escolhemos foi se tornando cada vez mais fácil e natural para nós.
Atualmente, passados
cerca de nove meses, eu e meu esposo continuamos controlando nossa
alimentação... Queremos não apenas manter o que conquistamos, mas também ter
uma melhor qualidade de vida e saúde. Somos seguidores de uma alimentação de
baixo teor de carboidrato e damos preferência a alimentos naturais.
Resultado de todo esse
“sacrifício”: meu peso atual é de 70 kg ( -15 kg) e meu tamanho de calça passou
do 48/50 para o 40. Meu esposo, hoje com 74 kg (- 22 kg), passou do tamanho 48
para o 40.
Minha vontade, quando
decidi fazer este blog, era trocar um pouco de experiência com quem já mudou ou
quer mudar sua vida. Assim como nós conseguimos, queremos ajudar você também!
Ao longo desses meses, fui adaptando algumas receitas, principalmente nos
doces. Passei a substituir muitos ingredientes das receitas e agora pretendo
disponibilizar através desse blog. Quem quiser contribuir, dividindo suas
receitas e experiências, fique à vontade!